Cartas de Paris I

Meu Querido e estimado

 

Paris continua linda. Mergulho inconsciente na sua beleza e com ela pairo acima das tentações do prosaico. Saio do pequeno estudio no Boulevard Saint Germain e sigo até o burburinho da Sorbonne. Depois é se deixar embalar pelo incomparavel Jardim de Luxembourg  até alcançar a Pont des Arts. É preciso evitar as imensas filas de turistas que se acotovelam frente a Pirâmide de Vidro posando para as centenas de "selfs" dos celulares. O Cafe Flore estava abarrotado de pessoas aguardando com ansiedade um lugar na mesa de Jean-Paul-Sartre. Preferi encostar-me na Ponte onde ele meditava olhando as aguas tranquilas do Sena.

Depois passei pelo Campo de Marte, reverenciei a torre e depois atravessei as Tuilleries em direção as calçadas do Champs. Pensava em você caminhando aqui comigo e passando displicentemente a atitude de milionários excentricos. O Arco do Triunfo nos aguarda no fim desta quadra.

Tomei o metrô e desci em Monmartre. Adorei este lugar repleto de artistas e boêmios. Alguns queriam desenhar meu rosto. Acho que se estivesses aqui você teria me pedido isso. Os pinceis correriam sobre a tela, o esboço do crayon guardaria para sempre a expressão de um amor que nem mesmo sei se queres mais. Não faço tal questão para meu espírito. Os artistas de rua tomam toda a amurada das escadarias sempre a procurar o olhar interessado e desavisado de alguem que deseje ser imortalizado em suas telas por uns tostões.  La miserie est partout. 

Que os anjos te guardem com toda a força.

Tua viajante temporária