London, London

 

Sempre que pergunto a alguem se lembra da swinging  London dos anos 60, imediatamente me vem uma frase, antes mesmo da resposta, que nós cunhamos durante a Primavera em Paris : “Ei cara, se tu lembra, então é porque tu não estavas lá.”.

Na verdade a swinging London não pode ser lembrada pois somente pode ser vivida. A Vogue dizia não sem razão que Londres era a cidade mais descolada dos anos 60. Todas as revoluções culturais ou não do século 20 ali foram iniciadas e propagadas enquanto a América curtia a mágoa de uma guerra que não era dela no Sudeste Asiático. Londres era a Meca, o Exílio e o Refúgio. Lá conviviam a moda de Mary Quant, a Aple Store em Carnaby St., a loja da etiqueta Biba na King's Road  próximas ao suntuoso hall do Bank of England onde homens de cartolas lustrosas aguardavam o fechamento dos pregões. Claro havia Duda, Veruska e Twigy.

As filas se sucediam em frente ao Drury Lane Theater para o concerto do The Who ou alguma das apresentações da Ratoeira que emplacava 30 anos em cartaz.

O vermelho faz um tom de calor na paisagem verdejante dos campos de Hyde Park e St.James Parj. São as lixeiras e Coletores de  correspondência em um matiz púrpura, do mesmo tom dos ônibus de dois andares que inundam ruas e vielas. Claro que as cabines telefônicas são um charme. Muitos cidadãos as usam para decorarem suas casas de campo com suas grades de ferro e janelas de vidro. Há uma ao lado da tribuma do free speach em Hyde Park onde as moças de cabelo verde tiram fotos aproveitando o contraste e no caminho do arco de Marble antes de passar no Buckingham Palace. É muito engraçado observar os bobies imóveis e os medidores com os seus compassos gigantes pata medir o espaçamento da Guarda. Com suas farmacias estranhas que tem chicletes, cockes e filmes fotográficos.

Na swinging London há espaço para tudo e para todos, desde o medieval museu de cera em White Chapel até a porta dos Traidores. Caetano procurava até por discos voadores após o chá da tarde. Nossas tradicionais e rspeitosas saudações London, London.  De Shakespeare, Newton, Robin Hood, Ricardo III e Henrique VIII.

 

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