A namorada que sonhei

Depois do incidente sobre a indecisão de Dendinho em sua prova não acreditavamos que fosse acontecer mais nada que explodisse o vacilo de Dendinho. Baca achava que o episódio se esgotara e depois de um período as coisas se acalmaram e Baca continuou a estudar no sobrado embora houvesse prometido que o trocaria pela biblioteca da. Faculdade.

Dendinho se encantara com  a  beleza loira de Carmem uma alemã de considerável estatura e cabelos lisérrimos. A alemã tinha consideráveis problemas de relacionamento provindos da educação e criação. Comentava-se que um namoro ali tinha tudo para dar certo pois ia se juntar varios trapos dos dois lados e surgiria uma nova roupa.

Dendinho acompanhava Carmem por todos os lados, iniciando a semana subindo para São Paulo com ela. Partindo para o ataque em todas as frentes e sempre emcena tal e qual papagaio de pirata ou bobbie  da guarda real. No intervalo que deixava Dendinho não se dava por achado e os colegas eram transformados em consulentes românticos forçados a discorrer sobre o comportamento mais adequado a ser tomado visando a conquista da paixão deflagrada no coração apaixonado de Dendinho.

Se os colegas que lhe conheciam o falácio podiam escorregar do assédio, o mesmo não acontecia no apartamento-república, onde o ataque continuava. O Garça era o colega mais disposto a ouvir as estórias de Dendinho. Era o psicólogo de Almanaque de plantão.

Costumavamos jantar no Depto. De História poid contavamos com o transporte do Garça num opala malhado que ele tinha. No Depto. A refeição era um comercial ou um risoto de frango o popular risoto a Catarina. Engolir a gororoba e ainda ouvir a arenga da paixão.  Era do olho.

Afinal de que se tratava a dúvida crucial e tortuosa de Den-Den ? Uma pergunta crucial que só e somente só Carmencita tinha a resposta – Será que ela gosta ou não gosta de mim ? Será que ela aceita ser minha namorada ou não ?

Facilmente dedutivo que só o vento saberia a resposta. O vento e Carmencita. Restava portanto ao psicologo de almanaque acalmar a fera e ouvir trocentos argumentos para formular uma resposta, tais como “no almoço ela sempre deixa a parte maior do bife para mim” e “quando disse a ela que gostava de tranças, 3 dias apenas em seguida e ela apareceu de tranças.”  E assim Dendinho ia computando os pesos nos quesitos de perguntas e respostas. É claro que não havia conclusão alguma.

Entretanto naquele dia justo quando Dendinho estava com a macaca o carro do Garça pifou. Foram dois quilometros andando e empurrando o carro sob o massacre da conversa.  O Garça ia cada vez mais ficando vermelho e resfolegava de raiva enquanto na contra-mão dos acontecimentos Dendinho matraqueava como uma maritaca em manhã de primavera. Chegamos após duas horas que pareciam dois dias ainda podendo ouvir os “acordes” de Dendinho que repetia incessantemente “...eu só queria ter aquela menininha, Garça, mas diga tu acha que ela vai aceitar? Tu acha que ela vai aceitar ?”

Fiquei com medo da expressão que se formou nos olhos dele. A resposta veio em frente a república-apartamento na forma de um grito, um lamento, um verdadeiro uivo de caninos brancos que fazia gelar o sangue nas veias.

-NÃO, NÃO E NÃO SEU PALERMA!

Ela não vai aceitar nunca sabe porque ? Porque ela não vai com a tua cara Dendinho @%$&¨%*(*&)

Dendinho como sempre não entendeu a bronca. Virou-se para o Garça e falou solenemente : acho que ela vai aceitar !!!


 

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