Santos / SP -
Sobre o trabalho do escritor Rafaelo Ferrero, procurarei trazer às pessoas que o procuraram ou que tenham tomado a iniciativa de conhecer, palavras deste amigo conhecedor da sua dimensão e versatilidade no exercício da escrita. Desde que comecei a leitura dos textos não descansei enquanto não os terminei, garanto que não por um mero exercício de ofício nem tampouco por qualquer inércia contemplativa, mas porque para a atenção da mente e do espírito tornou-se imprescindivel e imperdivel esta leitura. Tudo se passa porque enquanto escreve guarda uma estreita e intimista relação com o presente e o universo do seu cotidiano seja ele temporariamente localizado em um ontem ou um amanhã tornando-o presente pela magia do texto. Desde suas páginas iniciais como ieitor desavisado senti-me envolvido e literalmente enredado e por vezes preso à sua narrativa sensivel ao cotidiano, ao real muitas vezes pinçado de um fato que sobrenada numa vazão de acontecimentos vistos ou vividos. É assim, neste pequeno fragmento de um fato que sua creatividade é alavancada e as verdades são libertas e quase desapercebidas, quase codificadas sob uma capa de humor. Neste trabalho há um grande coloquio encoberto e por mais desprentencioso que pareça.é surpreendente. A denominação de seu texto é feita de uma maneira sutilmente provocante sempre. O texto faz de uma maneira cúmplice emergir do título mensagens e textos não explicitos tal e qual uma foto surge da revelação para o fotógrafo num quarto escuro. Homenageando amigos e lugares, esquecidos e presentes. A narrativa é desenvolta e num efeito que é imperceptível passa de narrado a narrador para falar pela bôca de seus personagens confundindo propositalmente o observado e o vivenciado. Alguns textos são antológicos,inovadores e outros são únicas,imperdiveis, mas certamente são inesquecíveis e surpreendem pelo inusitado como por exemplo é assim que em Um piano ao cair da tarde a crônica se cala, como um piano interrompido ou tambem em Um gosto de mel em que dois textos são escritos simultâneamente como se fundissem as influências à ação e ao mesmo tempo homenageia filmes, diretores e personagens que acompanhou e ainda troca propositalmente referências entre o título e o nome da atriz e em My love for you, Um clarão nas trevas, A caixa de Lydia, O último desenho, Outono em Santos, Tres Vezes e tantos outros sempre a homenagem aos amigos . A textura literária do conto é única e provocadora e navega em linguagem própria que inesperadamente desenvolvem mensagens humanas e perturbadoras como Parabéns a você e ainda a reinvenção do conto em O último dobrar do sino encantado, o romantismo declarado em Vestígios de amores intocados, O falso brilhante e tantos outros A ficção e o suspense de O enigma do Boing 707 , sem dúvida uma homenagem a Allan Poe evocando a trilha de O jogador de xadrez de Maelzel ou O mistério de Marie Rogêt pela dedução e exercício da lógica ou então saltando da realidade ao imaginário em O que eu aprendi sobre meus pais que quero tanto, uma declaração de amor silenciosa como em Berenice igualmente de Poe. Entretanto o golpe de mestre tem muito de talento, genialidade e ironia e merece ser deixado para a descoberta do leitor como um presente e assim o fiz. Eu consegui atingi-lo. As Crônicas de Santos é um trabalho como poucos que conheci e uma obra que deve ser conhecida. |
Arne Leafferöee Saknussemm, 61 é natural de Reikjavil, Islândia. Critíco de Literatura e colaborador de diversos veículos de comunicação europeus. Especialista em linguas nórdicas, medievais e latinas. Pesquisador social, romancista e ensaista. email arneleafferoee@ojooo.com m
arneleafferoee@ojooo.com
Rafael Ferreira é dedicado a literatura de contos, romances e crônicas. É engenheiro e físico bacharelado na Universidade de São Paulo. Natural de Santos. Amigo de Arne L. há muitos anos, nunca se encontraram e se falam somente por email .