Microfilmes Paradiso

Microfilmes Paradiso

micro

 

 


Duarte era um português típico. Sotaque carregado, bigode taturana e grande habilidade para farejar um bom negócio onde quer que estivesse. Um moço magro e simpático, dedicado ao trabalho e cioso das boas oportunidades percebia-se logo.  Duarte, este era um nome e não um sobrenome, sabia ser cativante e insinuante. Percebeu desde o inicio conosco da importância de se organizar e arquivar milhares ou milhões de documentos que se alastravam pela companhia de uma forma mais prática, segura e racional. Verdade é que antes dele as coisas eram perdidas e isto muita vezes prejudicava o julgamento de recursos de infrações.

Um elemento bem social na equipe, entrosou-se bem com todos e tinha um bom relacionamento com o China boy, talvez porque de certa forma eram dois elementos estrangeiros, o que não ocorria conosco que o olhávamos como um  estranho um pouco diferente. Também se entendeu bem com o Simonsen primeiramente e depois com o Narigas que era como jocosamente era conhecido o Nastri.

O serviço de montar um sistema de microfilmagem de documentos veio depois. Mérito a parte China e Narigas compraram a ideia que foi comemorada num grande almoço num conhecido rei do bacalhau na Av.Faria Lima. Duarte e seu paletó xadrez passou a ser identificado em toda a empresa como o “homem do microfilme”. A sopa esquentada no marmiteiro tomada na hora do almoço em cima da escrivaninha era a marca registrada do português que e ra sempre encontrado com um pedaço de filme na mão e o olhar perdido em um ponto no céu. Os esforços lhe sorriram e passados inúmeros cursos ele falava de cátedra no assunto. A microfilmagem caminhava.

A tenacidade o levou a fechar um negócio adquirindo uma casa numa vila em Pinheiros. Os contatos entre o proprietário da casa, o Sr. Tibério e Duarte tornaram-se frequentes e folclóricos. Acompanhamos toda a negociação do escritório. O Sr. Tibério aceitou finalmente as condições e tudo acabou em bacalhau como não podia deixar de acontecer.

O português tinha uma sogra de quem emprestava o carro. O inusitado era ter a sogra como sua dependente. Comprando e vendendo carros usando apenas jornais de anúncios gratuitos abriu uma agencia média de carros usados e a companhia terminou perdendo o seu analista de microfilmagem em pouco tempo. Alma de negócios lusitanos.

 

 

 

bacalhau

 

Voltarnavback