Antônio

 Antônio

Antônio era um rapaz simples. Soubemos depois que a família era humilde e sem recursos quase. Antônio era separado desde muito tempo e havia ido morar com a filha pequena junto com os pais e os avós na casa pequena na periferia de Santana do Parnaíba.

Enfrentava duas conduções diárias para estar no seu posto diário do Setor de Controle das infrações, que processava administrativamente todo o volume de documentos de infrações emitidos pelo Comando das polícias de trânsito. Antônio tornou-se naquela sala de 30 metros quadrados abarrotadas de mesas velhas e gastas, paredes escondidas por uma quantidade incalculável de arquivos de arquivos de papelão o chefe querido e respeitado. Antônio mais que um chefe tornou-se um amigo. Quem sabe por vivenciar os mesmos problemas que eles.

Antônio sem sapatos e com os pés sobre a mesa. Antônio que gostava de confraternizar com os amigos de que tanto gostava.

Antônio que gostava de preparar a panela de linguiça no final das tardes de inverno para dividir com os funcionários. Antônio que era apaixonado por Lili, amigo de Zezé e Gigi uma estagiária que lembrava uma hippie fora de época com meias soquete e chapéus de Maga Patalógica.

A Zezé se tornaria uma chefa de seção de recursos de infrações. Era um tanto temerosa naqueles tempos por um receio pela irmã que ingressara numa luta de guerrilhas na Nicarágua. Havia o Tamba, meio durão e meio sem noção. O Cirano virou policial, uma temeridade na época, mas se saiu bem. No final do ano todos se reuniam no Viva o Verde, um daqueles centenas de botecos da Av. Henrique Schauman. Quase todo mundo ia e se divertia. O casqueta sempre comparecia, Ninguém batia o Casqueta num copo, nem o Tonhão zangado e de mau-humor depois que levava uma bronca da carioca. Naquele final de ano foi todo mundo e parece que o chinês pagou a conta. Até o Aldo e a Alda foram com o Pescada e o Reinaldo. O Artur tocou o violão mais uma vez.

Um dia a notícia chegou de uma maneira inesperada. Antônio falecera assim. Caíra na rua e fora levado já sem nada a fazer a um hospital.

Lili chorava sem parar abraçada a uma velhinha. Fomos todos com o Naso na cerimônia de despedida. Um dia que parecia fazer todo o calor e a tristeza do mundo uma multidão fica no cemitério até a campa fechar.

 

 

 

 

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