Os gatos de Hermann

Blumenau está situada as margens do Itajai-Açu. A cidade ordeira e bem organizada tem um charme especial que se nota nas flores, nas bonitas construções estilo enxaimel e nas casas com jardins bem cuidados e limpos. Próximo ao Itajaí esta o Moellmans um grande empório de cristais, porcelanas, malhas, roupas, chocolates, etc. com um estilo que sobressai na paisagem, com vários andares encimados por diversas aguas-furtadas. Perto do Moellmans havia a doceria Tonges onde varias vezes pude apreciar um excelente apfelstrudel tão excelente como a do Cafehaus mais adiante.

Entre a rua xv de Novembro e asete de setembro se pode encontrar os melhores restaurantes de cozinha alemã de Santa Catarina, entretanto sempre tive preferência pelo encanto do Moinho do Vale situado na margem oposta a AV. Beira Rio, A vista do rio Itajaí-Açu é insuperável e lembra um pouco o Rheno, bastando sentar em um dos bancos nas alamedas que rodeiam o moinho de 4 pás.

A história de Blumenau tem sua origem na Alemanha em 1819 com o nascimento do pequeno Hermann no Ducado de Brunswick. Anos mais tarde tornava-se o Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau um químico devotado a Botânica e amigo dos sábios naturalistas Alexandre von Humboldt  e Fritz Muller que o convenceram a conhecer o Brasil.

Hermann veio e após conhecer o Rio Grande do Sul chegou a Santa Catarina. Preocupado em melhorar as condições de vida dos colonos alemães, conseguiu do governo terras para fundar uma colônia. A colônia tornou-se município e Hermann a figura central da colonização do vale do Itajaí por onde havia se expandido a colonização alemã.

Toda a região foi inicialmente habitada por tribos de índios kaigangs e botocudos. Mesmo antes da fundação da colònia Blumenau já havia colonos a margem do rio Itajaí –Açu.

Hermann foi mantido a frente da colônia mesmo depois da sua transformação em município. Herdando todas essas características a microregião de Blumenau manteve as características culturais da civilização alemã e italiana. Podem ser encontrados dialetos da língua alemã, trajes e danças nas manifestações e nos costumes do povo desta região

Um dos aspectoa que mantém viva esta tradição são as construções germânicas como a casa husadel e o castelinho típico ambas ambas com o objetivo de criar uma paisagem arquitetônica diferenciada e atraente para Blumenau Estas construções se localizam na R XV de Novembro. A primeira transversal desta rua é a rua das Palmeiras cujo nome antigo era Boulevard Wendenburg. Enfeitada com palmeiras imperiais trazidas da Alemanha pelo próprio Hermann Blumenau.

Próxima a R XV de Novembro no cruzamento das ruas Curt Hering e Paul Hering está a Hering. Tudo se iniciou no século XIX quando Bruno e Hermann fizeram a primeira malha. ela foi desenhado um símbolo com dois peixinhos, dois arenques ou hering em alemão. A malha se mostrou propícia para o trabalho duro no clima da colônia e nascia assim a malharia Hering e já se foi mais de 100 anos.

O rio Itajaí-Açu tem várias pontes mas tenho realmente uma predileção por três delas cada uma por um motivo diferente. A ponte metálica da estrada de ferro de 70 anos que foi restaurada e hoje é uma ponte de pedestres. Sobre ela pode-se ver toda a força do Itajaí. A Ponte Lauro Muller que inaugurada a mais de 80 anos foi a primeira ponte construída sobre o Itajaí Sua estrutura metálica foi inteiramente trazida da Alemanha. A Ponte dos arcos que lembra uma romântica ponte sobre o Meno tem 160 m de comprimento em 3 arcos de quase 42 m. Foi inaugurada pelo Presidente João Café Filho numa viagem histórica a estação terminal de Itajaí.

Próxima a ponte dos Arcos esta o vapor Blumenau que veio da Alemanha, foi montado em Itajaí e fez a primeira viagem conduzindo emigrantes pelo rio Itajaí em 1895.

Também na barranca entre o rio e a Av. esta a BierGarten, o jardim da cerveja, onde está localizado o museu da cerveja. Afinal seria de se estranhar que Blumenau não fabricasse a sua própria cerveja.

O museu dedicado a Hermann Blumenau encontra-se  no final da XV de Novembro e reune objetos que pertenceram e marcaram os tempos da colonização. Estar entre coisas que estiveram na vida daqueles homens e mulheres que lutaram para que as condições daquelas terras se tornassem melhores e como pertencer por breves instantes a sua intimidade e partilhar seus sonhos.

Numa mesa redonda de madeira podemos ver a coleção de gatos de porcelana branca cuidadosamente com os traços delineados em preto e dourado em cada uma das posições entre brincadeiras e saltos. As estatuetas são de grande perfeição. Hermann gostava deles e eles eram afeiçoado ao botânico e naturalista que os trouxe para a colônia que criou e desenvolveu.

Respeitosamente entrei na CafeHaus Glória. Enquanto olhando as pinturas pedi um expresso em homenagem a Hermann Blumenau e a seus gatos que também aprecio. Sem eles alguém muito muito além de especial aqui não teria passado a adolescência  e registrado seu sorriso para uma manhã ensolarada que guardo hoje em meu álbum de fotos de pessoas que amo.

 

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