Quadrinhos admiráveis

Estou aqui para defender
A liberdade (Super-Homem)

Super-Homem é um herói sem pátria, mas é o herói de todas as pátrias. Não por ser de Krypton, mas por ser um defensor da justiça e da liberdade.  Seus poderes o tornam único

em sua missão que cumpre com determinação. Talvez por não ser assaltado por dúvidas e Ter sempre a clareza de ação em gestos certeiros de verdade e amor pela humanidade. super-homem
Sua crise existencial creio que nasce justamente desta certeza. Não ser um mortal comum que luta, trabalha e pode realizar seu amor com Míriam Lane o coloca em um estado de melancolia que só é superado quando tem uma missão a cumprir.
Clark Kent o seu alter ego se constitui na contrapartida de suas incertezas quanto a sua realização como pessoa (humana); Clark é fraco, tímido e recalcitrante. Ama Miriam, mas não é correspondido. Não pode salvar a humanidade, ma verdade não pode salvar  a si mesmo. A verdadeira identidade secreta de Clark é Super-Hoimem. È Super-Homem que se transforma em Clark Kent e não o contrário. Tal como nosso espírito realizador se esconde em nossa identidade cotidiana. Vi todos seus filmes e li seus quadrinhos, pois acredito que mais do que nunca o mundo precisa de um Super-Homem.
Theo Adam, Clarence Charles Batson e sua esposa, Marilyn encontravam-se fazendo uma expedição arqueológica no Egito na pirâmide de Ramsés. Acharam uma câmara oculta aparentemente dedicada a SHAZAM um mago obscuro. Dominado pela cobiça Theo Adam matou o casal e trouxe um escaravelho encontrado na câmara. Uma jóia que entregou ao Dr.Silvana financiador da expedição.cap amrvel
O casal Batson deixou dois filhos: Mary e Billy. A menina que se encontrava no Egito desapareceu sem deixar vestígios. Billy não havia viajado por  causa de suas baixas notas escolares.  Após a morte dos pais as crianças foram criadas separadamente, cada uma desconhecendo a situação da outra.
Mary foi adotada pela família Bromfield, e Billy ficou com o tio Ebenezer. O tio de Billy roubou o dinheiro de Billy e colocou-o na rua. O jovem  dormia nas calçadas de Fawcett City, vendendo jornais nos semáforos para ganhar a vida.
Capitão Marvel surge no dia em que Billy Batson encontra um ancião, o mago SHAZAN numa estação do metrô e o segue transportado para  seu lar, a pedra da Eternidade. Lá o  ancião lhe passa a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, a resistência de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio, transformando-o no Capitão Marvel. Billy Batson transforma-se no Capitão Marvel, o mortal mais poderoso da Terra, cada vez que diz o nome do mago.
Billy tem dificuldades de aceitar seu alter ego. Em verdade  Billy é um menino de 1,40 m e 45 Kg de peso e o Capitão Marvel um homem de 1,95 m e 95 Kg. A desintegração entre o menino e o adulto é aqui tratada explicitamente pelos quadrinhos. O herói que tudo pode surge no lugar do fraco. Assim Marvel se esconde na identidade secreta de Billy, tocado pela raça dos deuses. Marvel derrota Theo Adam o vilão que matou seus pais e evita um atentado a radio WHIZ passando a ser  conhecido no mundo.
Billy encontraou sua irmã Mary e conta tudo a ela, repartindo seu  poder. Agora sempre que disser  SHAZAM, ela é transformada em Mary Marvel. É a reafirmação do conceito de família  e do respeito à mulher.
Quando os Marvels enfrentaram o  Capitão Nazista, um jovem, Freddy Freeman, fica  com a perna paralisada ao ser ferido pelo vilão. Sentindo-se responsáveis pelo estado dele, os dois heróis entregaram parte de seu poder para Freddy. Agora, sempre que pronunciar "Capitão Marvel", ele se transforma em Capitão Marvel Jr., um superpoderoso adolescente. Está assim formada a família Marvel que, tantas emoções nos passou através dos quadrinhos “Capitão Marvel”.
 
Quem lembra quando um conhecido repórter pronunciava a fórmula 3 X 2 (XYZ 4A e se transformava no rei da velocidade. Um homem tão rápido que vibrando rapidamente podia ficar invisível. Era um de meus favoritos. Creio que sua identidade secreta era de um repórter jornalístico, mas a origem de seus poderes permanece um mistério para mim. A sua transformação era efetuada em movimento, correndo enquanto pronunciava a fórmula mágica. Ted Múltiple sem dúvida era único. Desapareceu sem deixar vestígios.
Eu esqueci suas identidades secretas, mas não esqueci de Arqueiro Verde e Ricardito. Não lembro ao certo se seus uniformes com aquele corte medieval que tinha tudo a ver com a floresta de Sherwood eram verdes, pois sempre li suas aventuras em branco e preto. Gibis coloridos eram raros ainda, só em edições especiais. Achava engraçado que suas máscaras tão pequenas conseguissem disfarçar as feições daqueles rostos. Uma caçapa de flechas colocada sobre os ombros carregava uma infinidade de tipos de flechas que desafiava a criatividade de qualquer leitor.
Havia a flecha-bomba, a flecha-incendiária, a flecha-boomerangue. A flecha-foguete, a flecha-laço, a flecha-luva-de-box e ia por aí a fora.
Foi algo que eu como criança achava estranho e inexplicável, mas ninguém tocava no assunto então devia haver uma resposta que eu desconhecia. Como tal quantidade de flechas cabia na caçapa. Tal arsenal era escondido como ao assumirem os nossos heróis as suas identidades secretas? Eram mistérios dos quadrinhos, perfeitamente aceitáveis. Anos depois já na década de 60 o Arqueiro Verde deixa a barba crescer e seu companheiro com o qual tem uma relação não definida de tutor ou responsável rebela-se, faz uma universidade e contesta o sistema e a validade de ser Ricardito deixando o Arqueiro Verde sozinho. A partir desta ocasião as suas aventuras tornaram-se esparsas e raras e eu não as li mais.
Creio que do Fantasma, que se tornou até filme, um tanto comercial e violento, muitos ouviram falar. Algumas nuanças da personalidade da criação de Lee Falk o cinema não mostrou e são muito importantes para compor a sua vida. O Espírito que anda tem na caverna da caveira o seu lar. É ali que nasceu nas mãos de um médico por ele reabilitado do vício e conhecedor de seu segredo. È ali que será enterrado quando morrer ao lado de seus antepassados, as 21 gerações de fantasmas que o precederam, È ali que escreve as crônicas dos fantasmas onde está narrada a história das lutas e derrotas de seus antecessores. A caverna da caveira abriga a sala do tesouro do Fantasma só vista por Guran e Diana Palmer. Lá se encontra a taça de Alexandre, a trompa de Rolando e a lira de Homero entre outros objetos.
O Fantasma é o Comandante desconhecido e inconteste da Patrulha da selva. O Cel. Weeks recebe as suas ordens que surgem misteriosamente dentro de um cofre em uma sala fechada. O Fantasma as leva até lá através de um poço abandonada que tem um túnel secreto que segue até a sala;
O Fantasma é o rei da selva e a olimpíada da selva tem um vencedor que tem a honra de lutar com o Fantasma. A luta é apenas simbólica, pois o Fantasma sempre vence.
 Mandrake era uma alegoria, um devaneio que deu certo.  Um mágico criado como mágico, senhor da arte da hipnose instantânea domina as situações mais perigosas com o poder de seus olhos vestindo uma indumentária entre o traje a rigor e a fantasia para a qual não falta o lenço dobrado no bolso da casaca, a gravata borboleta e a cartola. O bigode a Clark Gable e os cabelos lisos esticados com gomalina são a marca registrada do magico.
É claro que tal figura tinha que estar ligado a uma mulher, que não é uma mulher qualquer. A namorada não assumida de Mandrake é a Princesa Narda herdeira de um trono no Reuno de Xanadú que passou na linguagem popular para o reino do fantástico.
Lothar é o amigo fiel e representa a realidade trivial que resolve os problemas na força bruta sem entender nada do que acontece. O negro, rei de uma tribo africana, vestido de tanga e uma camiseta de pele de animal selvagem segue o amigo e a princesa como criado e segurança numa fidelidade de cão e com um grande coração por motivos nunca explicados.
O Departamento de Policia é freqüentado por Mandrake sempre chamado ao Setor de casos estranhos que é seu preferido. Dali ele se envolve com casos saídos de uma fértil imaginação como pessoas que desaparecem em nuvens sem deixar vestígios, em cabinas telefônicas, ladrões que visitam prédios em tapetes voadores, lobisomens e tantos outros que nos encantavam em outro tipo de mágica. A mágica da diversão.
O Águia Negra era uma tinha um castelo como sua morada, onde vivia com um cão e um cavalo. As pessoas ao seu redor acreditavam que ele tinha 600 anos e na realidade ele era o sucessor de uma linhagem de heróis que combatia a injustiça e o crime. A figura em trajes medievais com uma mascara negra e um elmo na cabeça davam-lhe o aspecto mítico e lendário de um cavaleiro e a comparação com o Fantasma era inevitável, mas tinha suas próprias características.
O Dr. Robledo, o bondoso médico que a mascara e o traje negro assim como o zorro e tonto lutavam contra o poder das armas no velho oeste impeliam-nos a repetir em brincadeiras infantis a necessidade de fazer frente a injustiças e crimes. Quando o reduto da maldade estava circunscrito ao FarWest. È claro que haviam ainda os anti-herois como o Santo ou o futuro do universo em Flash Gordon ao lado de Dale Arden a mostrar as pernas na primeira mini-saia que se tem notícia antes de Mary Quant. E ainda o filho de Lord Greystoke a montar Tantor, gritar Bandolo e a enfrentar os perigos de uma selva africana.
Edição Maravilhosa era realmente maravilhosa. Tanto pela qualidade dos desenhos, verdadeiras pinturas que lembravam Gustavo Dorée pela construção dos personagens e diálogos dos balões. As histórias constituíam verdadeira coleção de obras-primas da literatura juvenil e não creio Ter visto e encontrado nada igual em vários anos de leitura. Consegui guardar alguns exemplares dos quais nunca me separei com a intenção de mostra-los a quem soubesse aprecia-los.

aguia negra
O cotidiano é a crônica do escritor e os quadrinhos são  crônica do sonho. O sonho voa célere nas asas de Shazam,  esconde-se no poço secreto da  floresta e caminha de armadura medieval nas toscas ruas de pedra de uma recôndita aldeia retirada entre as montanhas, espalha no horizonte o arco-íris de luz vermelha e azul num mundo que deixamos a  tempo.  Um mundo de histórias sem fim. Um mundo de heróis como gostaríamos de ser. Um mundo de quadrinhos e em quadrinhos. Quadrinhos admiráveis.

 

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